Entre uma leitura e outra o
pensamento se perde. Caminha. Vazio afora, boas lembranças povoam a
mente ao passo que um agradável sorriso se segue. Uma certeza: é bom
o sabor da vida. Respeito a vontade externada pelo pensamento e decido
narrar seus passos. Talvez os mais sensatos me dissessem
para retornar à leitura, considerando ser este lapso um desperdício de
tempo precioso. Mas não. Simplista demais. Um mundo por trás desta
viagem. No distanciamento do pensamento, convido o ar a
ventilar as ideias e os conceitos serão muito melhor acamados no
retorno. Então, por onde andará o pensamento? Longe e ao mesmo tempo aqui. Sigo suas pegadas, como fiel sombra em tempos de sol. Ele te visita.
Pela fresta da porta contempla teu sono, acompanha tua respiração, te
sente. Ousado, se aproxima e sopra em tua face o desejo de
que tenhas o sono dos anjos. Agora, sentado à beira da tua cama, te
acaricia os cabelos, escorrega a mão pelo teu rosto. Poderia ficar ali até o fim. Nada mais importante. O mundo é aquilo.
Intransitivo. Fala por si. Para mim, todo o sentido. Mas a razão vem
me chamar. Questiona-me se devo mesmo invadir teu espaço,
furtar-te um pouco na calada da noite e desenhar em seguida todo um
enredo, faça ele sentido ou não. Digo que sim, que devo; não moro mais em mim. Há tempos fiz as malas. Rumo e tempo sem definição...
Saciado o desejo do imaginário, que neste instante se vê em paz, hora de
voltar. Antes de sair, ele puxa teu lençol bem
comedidamente e te protege de qualquer frio que queira tecer
importunações. Aqui, novamente, já em companhia do pensamento, a dúvida:
consigo me estender um pouco mais pela causa nobre que é a ciência, ou
prevalecerá minha insuficiência? Dado o adiantado da hora e a iminência
de soar o canto das aves que primeiro acompanham o nascer do
dia, me rendo. O pensamento e as palavras me conduziram ao melhor
passeio possível; te fizeram presente. Agora me despeço. É certo, muito melhor que antes.
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