sábado, 24 de outubro de 2009

Decidi me mudar

Vou em busca de um novo corpo para viver a minha alma.
Quero uma nova eu mesma.
Quem sabe outro planeta?
Vou estudar o clima em Marte, Urano e Netuno para começar a fazer a bagagem.
Quero ir bem equipada e pronta para uma mudança drástica.
Na mala apenas as poucas experiências, uma boa quantidade de esperança, de determinação e de disponibilidade para o novo, além daquelas coisinhas básicas que todo mundo deve levar consigo.
Espero encontrar coisas boas nessa nova façanha.
Talvez todos tenham que tomar esta decisão uma ou mais vezes na vida.
Reverei meus conceitos, ou melhor, me despirei de conceitos, pronto.
Vou reescrever muita coisa, dar nova cor às partes desgastadas e redirecionar o que for mais significativo.
Será muito mais produtivo e estimulante do que ficar.
Deseja ao menos boa sorte.
Eu vou ficar bem.
Vai ser interessante.

Fecham-se as cortinas

Aquilo precisa ser dito; mas não será dito, não pode ser dito, não há como ser dito. O grito se cala, a voz se esconde, o pensamento se recolhe, o sentimento é esmagado. A sensação de sufocamento se apresenta. Talvez isso tudo esteja apenas na cabeça. Sentir o escuro, imaginar a emoção que não passa mesmo de imaginação. Fato. É preciso mesmo trancar estes devaneios extravagantemente discretos. Já que não está escrito no manual, então deve ser descartado. Esconda-se da euforia. Abandone as forças. É bem verdade que Aquilo é insistente, pede o tempo todo para ser liberto. Não importa mais, os ouvidos serão tapados. É preciso. Mais uma coisa a ser guardada. A coleção aumenta... Dançar é uma boa. Ou será melhor cantar? Um livro, então. Fecha as cortinas, por favor, e avisa que o espetáculo foi cancelado, melhor, adiado. Ele será encenado num outro momento. Quando? Não é possível responder. Um dia...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sonhos não são para sempre

Todos concordamos que sonhar é bom, que ver os sonhos tornarem-se realidade é mágico, que viver essa realidade é fascinante. Mas todos concordamos também que os sonhos se acabam e essa é a parte ruim de tudo isso. O mundo real de repente se apresenta e nos vemos obrigados a acordar, a voltar à tona.
Inicialmente o inconformismo prevalece. Ninguém aceita com naturalidade o fim de algo agradável, de algo marcante e intenso que tenha vivido. Porém, sabemos, embora custemos a aceitar, que tudo passa. Depois que as emoções acalmam, aquele sentimento devastador dá lugar às lembranças e é só isso que resta. As coisas boas vividas ficam retidas na nossa memória e o saudosismo se mantém dentro de nós acompanhado de uma suave alegria por ter podido viver tais momentos.
O ideal seria que as coisas boas durassem para sempre. Apenas poder lembrar depois é muito pouco. O bom é viver, viver, viver. É por isso que dizem que devemos aproveitar intensamente cada momento da vida, como se isso fosse amenizar a frustração quando o fim se apresentar.
Diante de tais situações, nos vemos acuados, sem muito o que fazer, pois muitas vezes não se pode evitar a chegada do fim. Resta, então, nos conformarmos com essa tal boa lembrança... Mas pode não ser tão triste assim. Dependendo do que tenha sido esse sonho bom, ele pode ter sido apenas suspenso e ai fica no peito a esperança de que tudo um dia volte, não importa como ou quando, o importante é que possamos viver aquilo tudo novamente.

Ah, se joga!

E nessa brincadeira de viver, a gente acaba se entregando. Às vezes isso é bom, às vezes não. Mas eu acho que em todos os casos é válido, principalmente quando o coração foi tido como bússola. Quem liga para regras? Quem liga para conveniências? A vida é uma só. Quanto mais rirmos com besteiras, mais agradável ela será. Quanto mais sonharmos e buscarmos, mais instigadora ela será. Quanto mais amarmos, mais feliz ela será. A gente tem sempre duas escolhas quando acorda. Se optarmos por ser feliz, tudo ficará mais fácil. É bom tentar, melhor ainda é conseguir. Vamos nessa!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Vento, frio vento

Eu fecho essa porta. O vento batia frio, tão frio que chegava a me doer a espinha. Outras coisas também me fazem doer a espinha, porém o vento eu posso evitar. Digo que ando só e não sei bem ao certo os rumos, sei bem ao certo que a algum lugar eu chegarei. Será que onde quer que eu esteja esse vento vai estar? Talvez ele esteja dentro de mim e eu nunca me esquivarei. As coisas andam; os rios fluem; eu me mando daqui, dali. Pessoas chegam a todo momento. Algumas abrem a porta e aquele velho vento torna a entrar, outras chegam tão delicadamente que não permitem que ele ultrapasse a faixa limite. Quem dera todas fossem assim. Eu levanto, corro, pulo. Quero aquecer esse frio que atormenta. Eu consigo? Por um momento sim. Será que ele vai estar sempre lá? Eu quero saber, eu preciso saber. Talvez ele só adormeça, talvez ele amenize e outras vezes aumente. O difícil é saber exatamente quando ocorrerão essas oscilações. Mesmo assim eu sigo. Há coisas em mim que esquentam, que impulsionam. Eu ensaio um sorriso às vezes. Não quero imaginar que não conseguirei fazê-lo sempre. Mas tentarei. Mesmo com vento, mesmo sem vento, eu seguirei. Sempre haverá algo forte a me impelir, coisas bem mais fortes do que esse vento frio. Por isso eu deixo esse embalo me levar.
Foto: