quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sanidade em desalinho


- Preciso ir aqui. Você me espera um pouco? É rápido. Preciso ir escrever tudo aquilo que tenho todos os motivos do mundo para te dizer e todos os motivos do mundo para não revelar. São meus ímpetos, são minhas fraquezas. De repente você tivesse que conhecê-los, mas não vai. Não há por quê. São aquelas coisas que a noite, minha eterna companheira, me ajuda a construir mente e coração a dentro. Que raios de sequência musical é essa? Não está ajudando. Eu prometo não demorar, até porque não disponho de todo o tempo que às vezes – só às vezes! - eu queria ter. O relógio me é ingrato, enquanto eu o devoto tanta esperança. Minha vontade era de entrar por aquela porta e sair madrugada afora, mas entendo que não é de bom tom te deixar sozinho à sala. E a etiqueta, não é mesmo? É por isso que eu repito: volto logo; e adianto que esse logo é relativo, porque enquanto ele perdurar, muita coisa acontecerá, muita coisa sofrerá mutação aqui dentro. Olho para trás e me dou conta de como tanta coisa mudou, enquanto muita coisa aconteceu. Até aprender a esperar eu consegui e também a entender que se jogar à emoção às vezes é bom. É por isso que eu estou indo ali te dizer para o papel tudo que tem vontade de me sair do coração boca afora. Quem sabe algum dia eu não te escrevo uma carta? Cuidadosamente escolherei as palavras, dobrarei o papel para colocar no envelope, delinearei, temendo rasuras, teu endereço e escolherei o selo mais delicado para combinar com a pureza do sentimento com o qual todas aquelas palavras serão escritas. Somente para você. Uma única vez. Mas, voltando, nem sei mais se devo ir. Aquele ímpeto - mais um para a coleção - está se retirando à francesa; já pressinto a partida. Isso é bom. Eles sempre vêm e vão mesmo... Nenhuma novidade. As novidades dizem respeito apenas à questão motivacional: esse foi por você.