terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um eu obscuro

Há muito ela apresentava-se irrequieta. Não era nítido o que havia desencadeado este estado. O sono que sempre foi seu aliado agora era pérfido. Era como se muito do que antes tinha grande significação tivesse perdido o encanto. As oscilações de desejos eram uma constância. Parecia estar em descompasso com seu mundo e tudo aquilo causava estranheza. Aconchegava-se na mente irresoluta permeada pelos voláteis idílios. No pensamento a ideia de que essa condição era tão passageira quanto os dias de chuva, quanto as fortes marés. Imersa nesse emaranhado, decidiu que o melhor era deixar fluir e se pôs descalça como forma de sinalizar que estava entregue. Eis!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

É fato

Não faz mesmo muito sentido. Todas as tentativas de compreensão são frustradas. Só resta aceitar, conviver, tocar a vida, apesar daqueles importantes questionamentos pendentes. Na verdade, tudo não passa disto. São questões não ou mal explicadas, outras até têm lá suas explicações, mas o certo é que todas as coisas não passam de uma grande interrogação. Imersos num meio ilusório cheio de “verdades”, falsas verdades, falta de verdade, fazemos aquilo que costumamos chamar de viver, sem ao menos saber o que isso significa. A subjetividade predomina, a instabilidade prepondera. Hoje sentimos, cremos, pensamos. Amanhã não mais. Não temos sequer a certeza de que o ontem foi real. Não estamos no comando de nada. Não controlamos nossas emoções, os fatos, os anseios. E não há porque debater. É algo imutável. O que sobra pra nós é o hoje. É a única coisa de que temos certeza, eu acho. E se não desfrutamos dele no momento propício, logo ele se coloca na casa das incertezas também. Por isso não há muito tempo a perder, a chance é única.