domingo, 20 de dezembro de 2009

Em boa companhia

A lua me olhava tão reveladora, enquanto passava lentamente por entre as nuvens milimetricamente escamadas. Era como se conversasse em silêncio tudo que eu precisava ouvir, no momento em que um vento forte insistia em bagunçar os meus cabelos. A noite estava realmente linda. Olhar a lua acalentou-me o coração. Eu me encontrava mesmo em boa companhia.
Pessoas passavam, os barulhos do mundo se apresentavam, porém nada conseguia destruir o encanto daquele momento. Calmamente a lua se deslocava, calmamente me dizia coisas lindas e me fazia entender questões que pareciam de impossível compreensão momentos antes. Os olhos se sentiram impulsionados a expelir certo líquido salgado, porém era nítido o descompasso entre as lágrimas e aquele instante mágico.
A lua finalmente conseguiu se desvencilhar do emaranhado das nuvens e agora se encontrava livremente em meio ao céu límpido. Essa foi a mais bela forma de me dizer que aos poucos tudo passa, que aos poucos todos os empecilhos se fragmentam, que aos poucos conseguimos nos desprender de tudo que impede o fluir da nossa caminhada.
Congelei esse momento por alguns instantes. Fiquei contemplando-o até enquanto foi possível. Constatei o quanto é bom parar às vezes e observar o que de mais simples e mais belo existe. Sentimos-nos tão envolvido a ponto de esquecer tudo ao redor. Uma tranquilidade se impregna no nosso íntimo de tal forma que é impossível descrever.
Despertei daquele momento totalmente em paz e com uma ideia na cabeça: é possível. Voltei ao universo mundano, mas aquele pequeno espaço de tempo nunca mais me saiu da cabeça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário